Portal da Cidade Douradina

Cresce número de adolescentes grávidas

Antes mesmo de formar sua identidade, a adolescente se vê responsável pela criação de uma criança.

Publicado em 12/05/2014 às 06:18

Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS) a adolescência é a fase da vida compreendida entre os 10 aos 19 anos de idade, e é neste período que os conflitos gerados pela busca de identidade ficam mais evidentes e em ebulição. Todo esse percalço em direção à maturidade pode ainda se agravar se no meio do caminho uma gravidez indesejada surgir. A gestação envolve várias alterações físicas e psicológicas e nem sempre o adolescente está preparado para enfrentar o novo desafio que se apresenta, pois isso envolve também crises e conflitos originários da família.

Seria padrão de vida que o jovem primeiramente se desenvolvesse fisicamente, psicologicamente e profissionalmente antes de assumir a responsabilidade por uma criança ou uma nova família. Mas este caminho não é percorrido necessariamente nesta ordem. O número de jovens que se tornam pais muito cedo é considerado alto em todo mundo, porém existe uma diferença muito grande de campanhas educativas entre os países.

Considerada uma gestação de risco, pois a adolescente ainda está em fase de desenvolvimento físico, os casos registrados em Umuarama pelas unidades básicas de saúde são encaminhados para a maternidade regional, que funciona nas dependências do Hospital São Paulo. De acordo com o médico Salem Rahal, responsável pelo ambulatório de gestação de risco, dos aproximadamente 120 partos mensais realizados na maternidade, 24 correspondem a de jovens. “Temos o registro de uma menor com 11 anos de idade e um casal onde a menina tem 12 anos e o pai 14 anos, e a cada ano o índice vem subindo gradativamente”, disse o médico.

PERIGOS

De acordo com o especialista a gravidez deve ser acompanhada em um ambulatório que traga experiência no atendimento a este tipo de gestação. Em Umuarama, a maternidade municipal, o posto central de saúde e a maternidade regional, que atende os 21 municípios da região, estão capacitados para o atendimento. “O maior risco a esta adolescente é de alteração da pressão arterial, uma hipertensão, e do abortamento do feto, por isso é essencial um pré-natal adequado”, explicou o médico.

ESTRUTURA

Durante a entrevista, o médico descreveu o perfil das jovens atendidas, o que pode indicar as causas que levam a gravidez indesejada. Segundo ele, nem toda a adolescente é criada pelos pais biológicos, ficando essa responsabilidade para terceiros, como os avós, que não detém métodos educacionais considerados por ele adequados. “Esse adolescente não está no convívio direto da família, sendo alvo de uma cultura principalmente televisa perversa”.

Ele observa socialmente que a sexualidade é um aspecto divulgado abertamente sem um cunho precisamente educacional ou que venha acompanhado de requisitos que façam ao menos menção sobre os perigos que uma relação sem cuidados pode acarretar. “Nos meios de comunicação está mais difundido o uso de pílulas, preservativos, o que trouxe uma liberdade, confiança mais prematura para as mulheres”.

Como a mídia precisa de chamarizes para as vendas ou divulgação de comportamento que resulte isso, os meios de comunicação estariam impulsionando uma importância demasiada sobre a sensualidade, libido, beleza e liberdade sexual, justamente aspectos que atingem os jovens na busca de uma identidade social, mas que aliados à falta de orientação sexual, podem incidir em gestações juvenis.

AJUDA

Para a psicóloga da Secretaria Municipal de Saúde, Lucinéia Ceolin, nem todas as pessoas envolvidas com adolescentes estão aptas a conversar ou passar informações sobre orientações sexuais. Em geral, esse jovem se vê obrigado a reportar seus questionamentos para outros jovens. “Os pais ou responsáveis que estão passando por essa dificuldade devem procurar uma orientação de um psicólogo para saber como repassar isso ao jovem”, explicou a psicóloga.

Assim como destacado pelo médico, a psicóloga relatou que em geral a responsabilidade de acompanhar essa gestação familiarmente, fica a cargo dos avós, que precisam saber lidar com a situação . “Não é somente a gravidez que aconteceu, junto com a gestação seguirá a responsabilidade que esse adolescente terá na criação desse filho e também a possibilidade de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids e sífilis”, disse Lucinéia.

Já segundo o médico, a orientação também deve ser estendida para o adolescente, pois ele também pode evitar a gravidez e se essa acontecer, a sua responsabilidade será a mesma da parceira. “A fecundação não se deu unicamente pela adolescente. No ambulatório não vemos a participação do parceiro em um acompanhamento que poderá lhe sanar dúvidas surgidas durante a futura criação do filho”, disse Rahal.

Fonte:

Deixe seu comentário