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Mini-Torre Eiffel vira ponto turístico na Rodovia PR-323

Publicado em 30/03/2016 às 22:41

Umuarama, no noroeste do Paraná, fica a 9,7 mil quilômetros de Paris. Mas a distância e as diferenças culturais não desanimaram Edson Roberto Ferrarin. Disposto a incrementar o acesso a um empreendimento imobiliário, Ferrarin mandou erigir uma réplica da Torre Eiffel, um dos símbolos da capital francesa. A torre de Umuarama mede 32,4 metros, altura de um edifício de 11 andares, e fica à beira de um dos trechos da Rodovia PR-323. A original tem 324 metros.

“Não queria nada convencional, mas não tinha ideia do que poderia compor aquela paisagem”, recorda. “Consultei vários arquitetos, ouvi sugestões de amigos, mas nada me empolgava.” Sem formação universitária (ele concluiu apenas o segundo grau), Ferrarin fiou-se, como sempre, em sua intuição. E ela levou-o longe. Aos 16 anos, seu sonho era comprar um carro. A mãe, preocupada com a ociosidade do filho, resolveu levá-lo para trabalhar em sua loja. Mas o garoto logo descobriria que para alcançar seu objetivo era preciso mais. “O que eu queria receber minha mãe não podia pagar. O que ela propunha era pouco. Continuei a ajudá-la, mas passei a produzir serigrafia em camisetas para vender.” Em menos de dois anos tornara-se proprietário de um Opala.

Mais tarde, o carango serviria como capital na aquisição de máquinas e equipamentos para a produção de cabeças de bonecas a partir de poliéster e resinas. “À época, os produtos chineses não tinham chegado ao Brasil”, ironiza. Tornou-se um grande fornecedor da indústria de brinquedos. O empirismo aguçado levou-o a trabalhar com fibra de vidro e daí o céu foi o limite. A partir do material, passou a fabricar mais de cem itens, de banheiro químico a tobogãs, de protótipos de modelos para exercício de direção em autoescolas a carrinhos para venda de sorvete.

Por exigência de um mercado com alta demanda na região, começou a fabricar blocos de concreto, mourões e barracões. Insatisfeito com a qualidade das máquinas de concretagem, aprimorou aquelas que comprara e construiu outras para seu uso pessoal. “Você lembra do professor Pardal? Pois ele é aquele personagem”, compara a esposa, Juliana Ferrarin, que abandonou a odontologia para trabalhar na empresa montada pelo marido. 

Durante a viagem de lua de mel a Paris, em 2006, nasceu a ideia. A Torre Eiffel era a obra que faltava em sua vida. Ferrarin comprou uma réplica de 40 centímetros e estudou os mínimos detalhes do monumento projetado pelo engenheiro Gustave Eiffel para servir de arco de entrada da Exposição Universal de 1889, realizada em Paris. Sem formação em engenharia e com conhecimentos rudimentares de cálculos estruturais, o industrial decompôs e desenhou, a seu modo, a estrutura de ferro e aço na escala de 1 por 10. “Todas as partes, as peças, são idênticas às originais.” À exceção do topo da torre, por causa dos entraves na hora da montagem. Os módulos foram construídos em sua fábrica.

A réplica foi concluída em 2008, a um custo aproximado, à época, de 180 mil reais. No mesmo ano, os governos brasileiro e francês comemoraram o “Ano da França no Brasil”. Ferrarin recebeu a proposta dos organizadores para incluir na programação a exibição da Eiffel brasileira, a única em território verde-amarelo, no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro.

“Estava tudo certo, mas a crise econômica que abalou os mercados financeiros em todo mundo reduziu as cotas de patrocínio e não foi possível chegar lá.” Agora, a torre de Umuarama tornou-se um ponto turístico na rodovia. Diariamente, dezenas de motoristas tiram selfies diante da torre. É possível, por escadas internas, subir até o topo e apreciar a paisagem ao redor do monumento. Não é Paris, mas...

A torre também virou cenário para fotos de álbuns de casamento. Já houve quem trouxesse roupas de frio, em pleno verão, para ser clicado e dizer aos amigos que esteve na capital francesa. Quando inaugurada, a torre de Ferrarin exibia no primeiro piso oito placas de bronze com a história da original parisiense. À noite, uma iluminação especial projetava-se pelas redondezas. Infelizmente, vândalos encarregam-se de destruir esses detalhes. Oito anos depois, a réplica precisa de uma reforma. Ainda assim, o industrial não se dá por vencido. Além da restauração, Ferrarin projeta uma nova empreitada. Quer erguer do outro lado da rodovia, em frente à sua Torre Eiffel, uma imitação da Torre de Pisa. 

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