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Sem Terra invadem três fazendas em Alto Paraíso

Invasão ocorreu na manhã desta terça-feira (25).

Publicado em 26/07/2017 às 07:16

Mais de 1.000 pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocuparam, na manhã de ontem, as fazendas Lupus I, II e III, do Grupo Nutriara, localizadas no município de Alto Paraíso, próximas do Porto Figueira. Eles chegaram em carros e caminhões e não houve conflitos. A Polícia Militar esteve na área, mas como estava tudo calmo logo deixou a fazenda. 

A propriedade foi julgada como improdutiva em decisão de primeira instância e as pessoas ligadas ao movimento esperam pela imissão de posse dos mais de 1.200 alqueires. Do outro lado, os produtores representados pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) também reclamam as terras há 10 anos, mas permanecem na margem da rodovia.

O assessor para Assuntos Fundiários do Incra, Hamilton Luiz Serighelli, explicou ao jornal Umuarama Ilustrado que ontem pela manhã ouve uma reunião entre as partes: MST, Contag, arrendatários das fazendas e o prefeito Dércio Jardim Júnior. O encontro ocorreu para manter uma solução pacifica para o caso. Ainda segundo Serighelli, a propriedade foi considerada improdutiva em decisão de primeira instância, mas o proprietário recorreu e é preciso encerrar esse embate jurídico para chegar a uma solução.

Hamilton Serighelli realizará uma segunda reunião com os personagens envolvidos na ocupação no próximo dia 8. “Vamos conversar com o advogado do proprietário em Cascavel para buscar uma solução mais rápida para o assunto. Temos também outros órgãos jurídicos da União envolvidos no caso". 

Ângelo Quintanilha coordenador do MST na propriedade disse ao jornal Umuarama Ilustrado que ao total são 250 famílias na propriedade e agora começam a montar as barracas, como os procedimentos de organizando interna com serviços de saúde, higiene educação, disciplina pois chegaram para ficar. Quintanilha também disse que os trabalhadores ligados ao MST querem a participação do grupo Contag e a propriedade está de portas abertas para receber as famílias. 

Contag

Um dos lideres dos acampamentos da Contag em Alto Paraiso, Elias de Oliveira, conta que o grupo não faz ocupação, por isso acionou as autoridades, uma vez que acreditam ter prioridade no futuro assentamento, pois estão há mais de dez anos embaixo de lona na região. “Essas famílias embaixo dessas lonas vem há muito tempo fazendo esse trabalho, para chegar a ser assentado. Foi um golpe muito duro. Todos são trabalhadores rurais, mas eles (MST) podiam ter pensado um pouco antes de ter feito. Temos 160 famílias divididos em quatro lideranças ao redor de Alto Paraíso e é o que comporta a fazenda”, disse.

Histórico

A assessoria emitiu nota falando que em de 2007, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), vistoriou as áreas da fazenda e constatou, com laudos técnicos, a mesma sendo improdutiva por não cumprir com sua função social, que é o uso adequado dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente, devendo ser desapropriada para fins de Reforma Agrária. O proprietário recorreu da decisão do Incra, alegando a produtividade da fazenda, mas em 2013 saiu a sentença julgando improcedente o pedido do mesmo pela Justiça Federal do município de Umuarama, que deu ganho de causa para o Instituto, ou seja, foi declarada a improdutividade da terra.

Pelo Brasil

Conforme a agência Folhapress, o MST ocupou uma série de fazendas ligadas a políticos e empresários investigados sob suspeita de corrupção. Entre elas, estão as propriedades do ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT), de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), e do coronel João Baptista Lima, amigo do presidente Michel Temer (PMDB). A ação, segundo o movimento, é parte da Jornada Nacional de Lutas, em razão do Dia dos Trabalhadores Rurais nesta terça e não tem previsão para acabar. O MST afirma que ocupou também a base militar de Alcântara, no Maranhão, a sede do Incra (Instituto Nacional da Reforma Agrária) em Sergipe.

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