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Curado do câncer menino de 11 anos sonha em ser bombeiro

Na terça-feira (24), o garoto de 11 anos, símbolo da luta contra o câncer no Paraná, assoprou as velinhas na data mais importante desde que foi diagnosticado com leucemia, em 2007.

Publicado em 30/10/2017 às 02:23

O tipo sanguíneo foi apenas uma das mudanças na vida do garoto João Daniel de Barros, de 11 anos, que ficou conhecido como João Bombeirinho, símbolo da luta contra o câncer e da doação de medula óssea no Paraná.

De A+ para B+ foram cinco anos, tempo necessário para que os exames comprovassem o maior sonho dele e da família. "Estamos curados", comemora a mãe Ana Paula Estevam, de 42 anos, depois dos anos angustiantes.

Na terça-feira (24), sem alarde e com um bolo de chocolate, João assoprou as velinhas na data mais importante desde que foi diagnosticado com leucemia, em 2007, antes de completar dois anos de idade.

O dia marcou os cinco anos do transplante de medula óssea, feito em 2012, no Hospital de Clínicas, em Curitiba. Esse é o prazo dado pelos médicos para considerar o paciente curado, conforme informou o HC ao G1.

Em março deste ano, os exames realizados na capital mostraram o que todos queriam ver. "O organismo dele está produzindo tudo normalmente", conta a mãe. Bombeirinho não nega como se sente. "Um vencedor", crava.

Boa parte das fardas que ganhou de corporações dos bombeiros de vários locais do país, e também dos Estados Unidos, não o vestem mais. O diminutivo, aos poucos, cai em desuso para o menino. Também não serve mais a "bolha" na qual, segundo a mãe, o menino viveu anos a fio.

"Ele não teve uma vida normal antes do transplante e nem no pós-operatório. Passou seis meses sem ter contato com ninguém. Só com a professora que vinha em casa. Ele não tinha amigos, não podia comer muitas coisas. Era um menino em uma bolha", relata Ana Paula.

Para a mãe, João foi gestado novamente durante a luta contra o câncer. "Eu e ele fizemos acompanhamento psicológico para essa inserção dele na sociedade. Foi preciso cortar o cordão umbilical de novo", recorda.

Hoje, ele mesmo diz que leva uma vida normal. "Antes era só dor e sofrimento", diz. Bombeirinho gosta de ler. Está no nono dos 11 volumes da coleção infanto-juvenil "O Diário de um Banana". Vai às aulas em tempo integral e se dedica ao grupo de escoteiros.

Na casa da família, no Conjunto Residencial Tuiuti, em Maringá, no norte do Paraná, ele também gosta de se divertir com jogos online e ainda se arrisca como youtuber, comentando sobre os games preferidos.

O maior sonho ele não abandona: ser bombeiro. Porém, a adolescência já causa confusão na cabeça do garoto. "Também gosto da criação de games e de robótica", conta. Bom aluno, ele diz detestar apenas a matemática. "Não gosto de conta de dividir", esclarece. Prefere futebol com os amigos.

"Hoje eu posso correr, brincar, estudar. Fazer tudo que eu queria e não podia", destaca Bombeirinho.

O caminho até a cura

O diagnóstico da doença, em 2007, tirou o chão da família. O primeiro tratamento, de dois anos e meio, segundo a mãe, não funcionou. A médica, então, em 2010, colocou uma decisão importante nas mãos de Ana Paula e do vigilante Nelson de Oliveira Ferraz, de 49 anos, pai do menino.

"Ela disse que a leucemia 'estava dormindo'. A gente tinha duas opções: ou esperava a doença se manifestar novamente para tratar, o que tornaria a possbilidade de cura quase impossível. Ou partiríamos em busca de um doador de medula para fazer o transplante", conta a mãe.

No mesmo ano, em outubro, João se tornou Bombeirinho. Após uma semana de sessões de quimioterapia, os bombeiros "resgataram" o menino, vestido com o uniforme da corporação, do quarto do Hospital do Câncer de Maringá a bordo da escada da equipe de resgate.

Após a decisão, a busca. Dos 4 milhões de cadastrados no banco de doadores brasileiros, nenhum era compatível. A rotina desgastante de hospitais passou a se somar com as campanhas em busca de doadores. Foi aí que Ana Paula também cadastrou João em bancos do EUA e da Alemanha.

Em 2012, veio a notícia mais esperada para quem já tinha ouvido que o filho "não passaria daquele dia". A doadora compatível, Kayla Castilho, de 26 anos, ainda era uma estudante de enfermagem em 2012. Nascida na Repúblicana Dominicana, foi morar nos EUA na infância.

No encontro entre ela e João, em 2014, em Nova York, ela disse que faria tudo pelo menino. "Me senti honrada e privilegiada em poder ajudar uma criança tão especial." Em 2018, Ana Paula e Kayla estão programando a vinda dela ao Brasil.

"A doação não salvou só a vida do João, mas salvou a minha, a do meu marido, a dos irmãos dele", diz a mãe.

Depois do "aniversário" nesta semana, João se prepara para a comemoração dos 12 anos no dia 23 de novembro. Quanto ao presente, todos na casa da Rua Rio Xingu concordam que já chegou.

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