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Presos recebem tablets para uso educacional na Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste

Publicado em 02/10/2016 às 23:27

Cruzeiro do Oeste - Presos custodiados e matriculados em atividades de ensino na Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste (Peco) receberam tablets para uso educacional. Desde a última quinta-feira (29), além das aulas presenciais com o professor, eles poderão acompanhar parte do conteúdo nas celas, por meio da ferramenta tecnológica. O projeto inédito no país tem por objetivo ampliar a oferta de escolarização em unidades prisionais.

A ação é fruto de uma parceria do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) com a Secretaria Estadual da Educação. No Paraná, 44% dos presos estão matriculados em atividades de ensino, sendo ofertadas educação básica, ensino profissionalizante, ensino superior e o projeto de remição de pena pela leitura. Segundo a coordenadora de educação do Depen, Glacélia Quadros, esse é um trabalho que vem sendo estruturado ediscutido desde 2012 e agora se concretiza com a iniciativa em Cruzeiro do Oeste.

“Nós temos muitos obstáculos a serem superados, principalmente no quesito de segurança na movimentação dos presos da cela até os espaços escolares”, explica a coordenadora. Na avaliação de Glacélia, o Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (Ceebja) João da Luz apresenta uma proposta inovadora, ousada e exigente. 

“Ousada porque é a única iniciativa no Brasil em sistema prisional que utiliza o recurso do tablets para desenvolver os conteúdos pedagógicos. Exigente porque exige do profissional o desenvolvimento de novas capacidades e habilidades para preparar aulas e gravar, ao mesmo tempo em que desenvolve conteúdo presencialmente com os presos”, diz. 

A secretária de Estado da Educação, professora Ana Seres, afirma que as novas tecnologias são uma realidade em sala de aula, em qualquer faixa etária, e podem contribuir para o aprendizado dos estudantes. “São ferramentas que complementam o conteúdo ministrado aos nossos alunos”, diz ela. 

O uso do tablet traz um subsídio para que depois das aulas presenciais o aluno possa recorrer ao conteúdo gravado, assistindo em sua própria cela. “Isso irá contribuir, inclusive, na ocupação do tempo de forma produtiva”, avalia a chefe do Núcleo Regional de Umuarama, Gilmara Zanata. 

LANÇAMENTO 

Estiveram presentes no evento de lançamento de quinta-feira a juíza da Vara de Execuções Penais e Corregedoria dos Presídios de Cruzeiro do Oeste, Roseli Maria Geller Barcelos; representantes do Depen, Conselho da Comunidade, Pastoral Carcerária, Secretaria da Educação, Núcleo Regional de Educação de Umuarama, Universidade Paranaense (Unipar) e servidores da penitenciária.

Projeto 

Os presos utilizarão os tablets na sala de aula, sob a orientação do professor da disciplina, o qual fará todo o trabalho de inclusão na utilização desse recurso como um instrumento facilitador da aprendizagem. 

Em um segundo momento, os presos levarão os tablets para as celas com as aulas gravadas das disciplinas que estão cursando. O projeto-piloto será iniciado, nesse primeiro momento, com as disciplinas de Língua Portuguesa e Inglês. As aulas serão ministradas na modalidade presencial (20%) e na modalidade a distância (80%). 

Todo o material utilizado em sala, vídeos e apostilas são desenvolvidos pelos professores do Ceebja Professor João da Luz da Silva Corrêa, que já atuam unidade. Para a professora de Língua Portuguesa Zoraide Campos, a ideia é facilitar a aprendizagem. “Não tem como fugir da tecnologia, hoje, então a gente tem que usar a favor também da escola. Temos dificuldades para movimentar os alunos até as salas de aula, então levamos parte das aulas até eles. Acho que vai facilitar muito. Estou sentindo que eles estão muito empolgados, é uma novidade para eles”, conta a professora. 

Expectativa 

O diretor da Peco, Arnobe Lemes dos Reis, esclarece que todos os tablets passaram por adaptações coerentes com padrão de segurança estabelecido pela unidade. 

“A ferramenta constitui-se de um livro virtual, porque todos os dispositivos de internet, telefonia, câmera filmadora, câmera fotográfica, gravadores de áudio e outros que poderiam comprometer a segurança foram retirados dos aparelhos”, explica. Segundo ele, os presos terão acesso somente às aulas gravadas e textos disponibilizados na ferramenta pelos docentes. 

“Essas ações pedagógicas contribuirão muito para o sucesso dos detentos no estudo e para o processo de ressocialização dos mesmos”, opina o diretor, Arnobe Lemes dos Reis. 

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