Onze testemunhas do processo que investiga o golpe aplicado por advogados em moradores da região foram ouvidas na primeira audiência da ação nesta terça-feira (19). Foram ouvidas quatro testemunhas de defesa e sete de acusação, no Fórum de Santa Isabel do Ivaí.
O processo investiga o golpe de R$ 5 milhões aplicado por 11 advogados e um servidor público em 29 pessoas. A primeira audiência do caso começou às 9h e terminou por volta das 13h30, e foi gravada. Os réus não foram ouvidos nesta etapa.
Segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), estão previstas a realização de mais audiências em fóruns de outras cidades do Paraná e do Mato Grosso do Sul.
Antes de emitir a sentença, a Justiça de Santa Isabel do Ivaí vai analisar todos os vídeos das audiências e ouvir os réus.
Investigação
Doze pessoas são rés nesta ação penal. Elas respondem por crimes como estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso, peculato e lavagem de capitais.
O processo apura um esquema para reaver as diferenças financeiras de reformas econômicas.
De acordo com o MP-PR, o grupo entrava com ações contra bancos, principalmente o Banco do Brasil, na Justiça de Santa Isabel do Ivaí e não repassava os valores conquistados às vítimas.
Os crimes, conforme o promotor, foram praticados de 2011 até fevereiro de 2018, quando a Operação Burla foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
O servidor público Carlos Miguel Montagnani, que era chefe do cartório cível, conseguia dar agilidade nos processos, segundo o promotor do MP-PR Wilson Dornelas Rodrigues Filho. Ele está afastado das funções desde julho de 2017 e responde a um processo administrativo.
Três advogados foram presos no dia 8 de fevereiro em Loanda, também no noroeste. Agnaldo Sérgio Ghiraldi, Cassemiro de Meira Garcia e Giuseppe Vasconcelos Paccini seguem detidos desde então.
Segundo o promotor, eles são considerados os "cabeças" do esquema criminoso.
O outro lado
O advogado de Agnaldo Sergio Ghiraldi disse que o processo deveria tramitar na área Cível, que o cliente dele é inocente e vai provar isso judicialmente.
A defesa de Cassemiro de Meira Garcia e Giuseppe Vasconcelos Paccini disse que no momento não tem nada a esclarecer sobre o processo.
A advogada de Carlos Miguel Montagnani, Alessandra Peres dos Santos, afirmou que o cliente se declara inocente e afirma que foi denunciado injustamente.
"Prestaram depoimento testemunhas, supostas vítimas, que afirmaram, expressamente, que não foram enganadas, não foram vítimas de fraude. Elas sabiam o valor da ação, e mesmo assim optou por ceder os créditos. Ou seja, não teve qualquer fraude por parte dos advogados e do cartorário", diz.
A defesa informou, ainda, que Montagnani está sendo alvo de perseguição e que a inocência dele será provada no decorrer do processo.