Uma soldado – como nas forças militares é comumente designada a graduação feminina – entrou para a história das Rondas Ostensivas Táticas Motorizadas (Rotam), do 25º Batalhão da Policia Militar de Umuarama. Ela é a primeira mulher a integrar a força policial, que é qualificada para dar atendimento a ocorrências de maior potencial de risco.
Jessica Aline, de 27 anos, é natural de Apucarana e ingressou na carreira militar em 2012. Com passagem pela Capital da Amizade entre 2013 e 2016, a soldado retornou em meados de 2017, quando veio o convite para fazer parte da Rotam, grupo especial que sempre foi seu alvo de desejo.
“Eu fico muito feliz em fazer parte da história da Rotam, cada membro, indiferente ao seu sexo, tem uma obrigação e hierarquia em cada viatura, e o objetivo é o mesmo: combater a criminalidade”, argumenta a policial.
De acordo com o comandante da Rotam do 25ºBPM, o tenente Namur Hamilton Zandoná, de 35 anos, a soldado passou pelo estágio de treinamento de técnica de armamento, utilização de arma não letal, abordagem e combate, confronto armado e físico, defesa pessoal e de grupo e controle de distúrbios civis. Entre as provas mais difíceis do treinamento, destaque para as realizadas no campo e resposta de perguntas sob efeito de gás lacrimogênio.
“O sexo não difere, naturalmente que a mulher por questões fisiológicas necessita de um treinamento mais intenso para nivelar com o homem, mas o controle emocional e bom empenho em qualquer atividade, inclusive a militar, não estão ligados ao fato de ser homem ou mulher, isso é inerente a cada pessoa”, comentou o comandante.
Defensor da inclusão da militar na Rotam, e autor do convite, o tenente fez questão de destacar que o grupo especial ganha no desenvolvimento das ações diárias com a presença da soldado. “Nesta semana realizamos uma abordagem em um bar e havia quatro mulheres, com a presença da Jessica, foi possível uma revista. Antes era necessário deslocar outra viatura com uma soldado e que poderia estar atendendo outra ocorrência”, explicou Namur.
No currículo da soldado está a atuação na defesa da 7ª Subdivisão Policial de Umuarama, em setembro de 2017, após a prisão de Eduardo Leonildo da Silva, acusado da morte da menina Tabata Fabiana Crespilho Rosa, de 6 anos.
“Não há tratamento diferenciado, quem espera fazer parte de um grupo como a Rotam por status se engana, e muito trabalho, demandando tempo e dedicação”, complementou o tenente.
Jessica passou por todos os estágios preparatórios para ingressar neste ano na Rotam, mas a vitória perpassa o campo profissional. Além de estar em uma força policial que pode ser acionado a qualquer momento, a soldado consegui exercer o papel de mãe sem maiores empecilhos, deixando claro a vocação feminina para o planejamento e organização, qualidades também aplicadas na Rotam.
Mãe de uma menina de três anos, Jessica ainda é esposa de um policial também membro da Rotam, dele veio o incentivo e total apoio, para a felicidade do comandante. “Por questões familiares os dois poderiam retornar para Apucarana, com a inclusão deles na Rotam, permanecemos com dois bons policiais em Umuarama”, revelou Namur.
Jessica ressalta que a administração da carreira e da família teve um elemento essencial, que foi o préstimo de todos. “Em casa temos ajuda e no trabalho sempre houve respeito e apoio dos companheiros de farda” complementa a soldado, que representa o desejo que outras mulheres possam contribuir com o desenvolvimento social e combate ao preconceito.
Rudson de Souza
Imagens: Ricardo Trindade
