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Dez cidades da região podem perder juntas mais de 14 mil habitantes até 2040

As projeções do Ipardes apontam para o envelhecimento da população e a diminuição de jovens.

Publicado em 11/07/2017 às 01:08

As Projeções Populacionais dos Municípios do Paraná, apresentadas na última semana pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes), colocam mais uma vez a região Noroeste em alerta. No mínimo dez cidades devem perder em média 20% da sua população até 2040, totalizando cerca de menos 14.559 habitantes. Além dos números mostrarem a migração dos jovens para os grandes centros, também representam a perda de renda municipal em diversos aspectos. 

Conforme as estimativas do Ipardes, apresentadas no site do órgão e no jornal Gazeta do Povo, Francisco Alves, Alto Paraíso, Icaraíma, Cafezal do Sul, Maria Helena, Iporã, Esperança Nova, Brasilândia do Sul, São Jorge do Patrocínio e Mariluz vão perder entre 22% a 12% da sua população. 

Francisco Alves, por exemplo, tem uma população estimada pelo IBGE em 6.382 habitantes (dados de 2016). Com a redução prevista pelo Ipardes de 22%, deve chegar aos 4.886 em 2040.

Icaraíma, tem uma população estimada pelo IBGE em 8.561 habitantes (dados de 2016). Com a redução prevista pelo Ipardes de 21,8%, deve chegar aos 6.729 em 2040.

Para o diretor de pesquisas do Ipardes, Daniel Nojima, os resultados são importantes para subsidiar o planejamento de políticas públicas. “O Paraná já tem uma população mais envelhecida que a média brasileira. Certamente o perfil do mercado de trabalho vai ter que mudar. Teremos implicações tanto para o setor educacional quanto para saúde pública, questões que precisarão ser pensadas para um planejamento futuro”, afirma.

Em uma perspectiva de desenvolvimento regional, tais números mostram a necessidade de união dos municípios em busca de politicas públicas de interesse comum, para proporcionar tecnologia, emprego e renda, ressaltou o prefeito de Cidade Gaúcha e presidente da Associação dos Municípios de Entre Rios (Amerios) Alexandre Lucena. 

“A união entre os municípios deve acontecer, só assim buscaremos o desenvolvimento regional. Precisamos trabalhar para fortalecer o agronegócio e a industrialização, como também, as vias de escoamento como a PR-323 e o aeroporto de Umuarama”, disse.

Mesmo com tais necessidades, a região está próxima de perder o título de Região Metropolitana de Umuarama (RMU). Na última sexta-feira (7), a Comissão de Relações Federadas e Assuntos Metropolitanos da Assembleia Legislativa do Paraná realizou um fórum para discutir a manutenção ou o fim da RMU, porém apenas três prefeitos compareceram ao encontro e possivelmente o título será extinto. 

Levantamento

As projeções do Iapardes apontam para o aumento da população idosa e diminuição de jovens. A população de 0 a 14 anos deve passar de 20,8% em 2017 para 14,6% do total do Estado. A população idosa, por sua vez (65 anos e mais) passa de 9,2% para 19,9% no período.

Essa tendência, explica o diretor Daniel Nojima, é verificada em todo Brasil e está associada ao declínio da natalidade e à ampliação da expectativa de vida.

No Paraná, o processo é mais acentuado em Curitiba e em municípios de menor porte, com menos de 10 mil habitantes, onde se verifica a migração dos mais jovens para outros municípios em busca de novas oportunidades. 

“São cidades de base agropecuária, que vivem também um processo de mecanização das lavouras, e os jovens acabam indo para municípios vizinhos. São migrações de curta distância bastante regionalizadas”, diz Nojima. Pela projeção, nas pequenas cidades, a média da proporção de idosos com relação à população total passa de 11,3% em 2017 para 24,2% em 2040.

Metodologia

A professora Raquel Guimarães, do departamento de economia da Universidade Federal do Paraná, que participou do trabalho, explica que as projeções do Ipardes levam em conta componentes demográficos como o estoque de população, nascimentos, óbitos e os saldos migratórios. “O Paraná está em uma situação de estabilidade. O Estado, assim como Santa Catarina, é, de certa forma, pioneiro no País em envelhecimento da população. Enquanto algumas unidades da federação ainda estão passando por esse estágio de transição demográfica, o Paraná já tem esse cenário mais consolidado. Isso gera uma demanda de política pública não mais prioritariamente dedicadas aos mais jovens e crianças”, diz.

TCU: municípios inviáveis 

Em janeiro deste ano, o Tribunal de Contas do Estado (TCE/PR) divulgou um estudo apontando que 96 dos 399 municípios do Paraná, ou 24% do total, são inviáveis economicamente e deveriam deixar de existir. Segundo o levantamento, esses municípios que têm até 5 mil habitantes, não produzem receita suficiente – seja através de arrecadação própria, seja de repasses do Estado e do governo federal – para manter serviços básicos. O presidente do TCE na época, conselheiro Ivan Bonilha, defendeu que a lei que versa sobre criação, incorporação e fusão de municípios seja “flexibilizada” e que os municípios que não tem viabilidade financeira sejam reincorporados às cidades de origem, se transformando em distritos.

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